HOOJE ACORDEI

Hoje acordei sentindo-me a lamber a ferida de uma dor que dói mas não se vê... Acordei sentindo o mar navegando até outro lugar... Chorei no meu interior e lancei ao mar uma flor uma flor de conforto direito ao outro continente que se mostra tão indiferente perante a dor de tanta mãe que os filhos lhes arrancam porque assim lhes convém... Não percebo o lado que dói sinto apenas a incongruência num mundo em demência... Hoje acordei num porto sem barcos num mar sem marés sinto as mãos sem tacto um nariz sem olfacto um sentir sem sentir um olhar sem querer ver... Mas vêm no mais profundo os abutres que se aproveitam abutres que se instalam de tanto ser o seu querer um mundo onde a escuridão chega a tanto coração... Hoje acordei com os olhos postos no mar sinto-me navegador em busca do amor para de novo fazer cruzada e o levar a cada encruzilhada... Hoje acordei sou mãe sinto a dor dessas mães neste mundo hipocrita, desumano que tudo vale que nada vale apenas o material e o sentir do desengano...